Se você tivesse que decidir o que seria pelo resto da vida, o que escolheria?

Esse é um questionamento que certamente nos atravessa em algum momento da vida, em início de carreira e, principalmente, durante a escola. Mas...
Quando nem mesmo sei quem sou, já tenho que definir o que serei como profissional?
Será que existe um momento certo pra isso? E será que precisamos fazer uma escolha definitiva, sendo que existem tantas informações, profissões e aprendizados que ainda desconhecemos, principalmente em um momento tão fugaz e incerto no qual nos encontramos?!
Partindo desta reflexão, a ideia de tripartição, ou seja, primeiro eu estudo, depois eu trabalho e por último aposento, acaba sendo um conceito ultrapassado e que não cabe mais neste momento. E é aí que o conceito de Lifelong Learning ou aprendizado ao longo da vida (aprendizado contínuo), vem para pontuar exatamente a importância de acompanharmos as mudanças ao nosso redor e irmos nos apropriando delas conforme sua evolução.
LIFELONG LEARNING, O QUE É?
O Lifelong Learning, apesar de ser um conceito que existe há cinquenta anos, cabe totalmente nos dias atuais. O termo foi criado através da UNESCO, remetendo seu significado à “aprendizagem contínua”, sendo considerado como uma estratégia de sobrevivência pessoal e organizacional para o século XXI, transformando todo o conceito que tínhamos sobre o trabalho e carreira.
Com a pandemia, e até mesmo antes disso, com a "Era da Informação e Tecnologia", ou como também é conhecida, a Quarta Revolução Industrial, percebeu-se que aquele pensamento de carreira que tínhamos, onde aquilo que eu escolheria como estudo e profissão em um dado momento, definiria toda a minha vida, não cabe mais em nossa realidade.
As habilidades aprendidas hoje, podem não valer ou não fazer mais sentido em cinco anos, por exemplo. O mundo se encontra em constante mudança, e o conhecimento deixa de ter validade por toda uma geração, como tinha no passado.
APRENDIZADO CONTÍNUO: O QUE MUDOU?
Uma pesquisa feita pelo The future jobs report de 2020, revela que a pandemia acabou acelerando a chegada do futuro no trabalho em termos de tecnologia. E este ritmo deve permanecer inalterado e ainda acelerar algumas áreas, transformando empregos e habilidades até 2025. Teremos novas profissões, enquanto outras vão deixar de existir.
E tudo porque vivemos em um mundo VUCA, volátil, incerto, complexo e ambíguo, onde as coisas mudam o tempo todo e de forma imprevisível, não temos mais certeza de nada. Há complexidade em todos os campos, e o que eu acredito ser o melhor, pode não ser o melhor para o outro, pois vivemos em sociedade, e onde há sociedade há diversidade. Por isso, a ênfase na estabilidade dá lugar a noções de flexibilidade, adaptabilidade, e aprendizagem ao longo da vida.
E COMO ACOMPANHAR TODA ESSA MUDANÇA?
É neste ponto, que o aprendizado contínuo se fará importante. Como profissional também será importante visualizar quais skills serão necessárias para acompanhar esse novo cenário, como desenvolvê-las e mais, o que faz sentido e tem propósito para mim como profissional. Ou seja, uma jornada de aprendizado externo junto ao autoconhecimento.
Algumas habilidades que foram mapeadas pelo relatório do Future of Jobs incluem o pensamento crítico e análise, a resolução de problemas e habilidades em autogestão, como aprendizagem ativa, resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.
LIFELONG LEARNING: O PROCESSO DE APRENDIZADO
O aprender dentro do Lifelong Learning é mais do que buscar conteúdos. É repassar, compartilhar e transformar isso!
Saindo, então, do método tradicional de aprendizagem, como decorar ou apenas reproduzir conteúdos, sem análise crítica ou reflexão, e evoluindo esse processo em um novo conceito, baseando-se em quatro pilares da educação:
1 - Aprender a conhecer: onde tenho que me abrir para isso, precisa ser algo prazeroso despertando a curiosidade, autonomia e atenção. Quando há prazer naquilo que faço a tendência é que nossa memória absorva e fixe melhor coisas novas.
2 - Aprender a fazer: colocar em prática aquilo que aprendi, sem medo de errar e arriscar, pois é dessa forma que nossas habilidades vão sendo desenvolvidas, através da tentativa e erro.
3 - Aprender para conviver: importantíssimo para o mundo atual, o esforço em comum, aprender a entender e ouvir o outro e ser flexível frente a outras ideias, administrando conflitos, desenvolvendo a interdependência.
4 - Aprender para ser: desenvolver o pensamento crítico, ético e de responsabilidade. Sendo uma aprendizagem integral, tanto externa quanto interna.
O Lifelong Learning nos mostra que cada vez mais a busca pelo conhecimento e a capacidade de aprender e se reinventar serão fatores decisivos nos rumos profissionais daqui pra frente. Que “carreira” pertence às pessoas e não mais às organizações.
Por isso, fica aqui uma reflexão:
Você segue fazendo as mesmas coisas e da mesma maneira? Será que você vai fazer o que está fazendo hoje pelo resto da sua vida?
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Referências:
https://saberhumano.emnuvens.com.br/sh/article/view/407/439 - Lifelong Learning e a sua Contribuição para o Ensino Emancipatório.
https://www.weforum.org/reports/the-future-of-jobs-report-2020/digest
https://www.educacional.com.br/articulistas/outrosEducacao_artigo.asp?artigo=artigo0056